O Sindicato dos Mecânicos avançou mais um pouco nesta história tumultuada da crise sem fim da Busscar Ônibus, empresa que já deve cinco salários e o décimo-terceiro de 2009 aos seus funcionários. Após não cumprir a determinação judicial definida pela 4a. Vara da Justiça do Trabalho em ação de pagamento de salários movida pelo Sindicato – a data final foi 9 de setembro passado – a Justiça determinou novamente o bloqueio das contas e movimentação financeira das empresas do Grupo, Tecnofibras (TSA Tecnologia), HVR e Climabuss, bem como o bloqueio do terreno na zona sul da cidade, liberado a pedido da empresa sob alegação de negociação com o banco BIC para quitação das folhas em atraso.
Essa determinação da Justiça atendeu apelos do Sindicato, que atende aos apelos de milhares de funcionários que passam grandes necessidades pela falta dos seus salários. Tal medida levou a que finalmente o Presidente da empresa, Claudio Nielson, seu irmão Fábio que é diretor financeiro e advogados comparecessem à Justiça do Trabalho na última terça-feira (14) para dar explicações e busscar uma saída, já que as empresas que tiveram as contas bloqueadas novamente encontram-se em pleno funcionamento, e segundo Nielson, a TSA – antiga Tecnofibras – está em processo de negociação para venda.
No momento em que o empresário estava na Justiça do Trabalho, centenas de trabalhadores estavam no Sindicato,que fica poucos metros da Justiça, realizam assembleia geral para definir os novos rumos, já que a situação está caótica para todos. Informados da presença de Nielson, os trabalhadores e a direção do Sindicato foram à frente do órgão e aguardaram sua saída, levando-o pela primeira vez a uma conversa na sede dos trabalhadores. O diálogo, duro e franco, aconteceu na presença de diretores do Sindicato, trabalhadores e advogados na sala do Presidente João Bruggmann.
Diante das respostas de Nielson, os trabalhadores realizaram nova assembleia geral, elegendo uma comissão de trabalhadores, agora oficialmente criada com aval do Sindicato dos Mecânicos – legítimo representante dos trabalhadores – para permanentemente fiscalizar os próximos passos e discutir as saídas possíveis para o que ficou parcialmente acertado: a venda da TSA para pagamento dos salários atrasados de todos, e com o saldo restante, possível reinício de atividades em formato a ser definido com a participação dos trabalhadores e análise da Justiça.
Na quarta-feira, 15 de setembro, os diretores do Sindicato capitaneados por João Bruggmann, acompanhados da Comissão de Trabalhadores formada e aprovada pela assembleia geral realizada na terça, 14, se reuniu com os diretores da Busscar para discutir e decidir sobre a liberação dos trabalhadores sem a necessidade da entrada com processos judiciais como a rescisão indireta. Esse acordo foi definido e a empresa vai fazer as rescisões dos interessados em sair, sem óbviamente o pagamento das verbas rescisórias por absoluta falta de dinheiro, mas desta forma os trabalhadores podem acessar o seguro-desemprego e também o FGTS sem necessitar da Justiça neste momento.
Outra discussão é o futuro da produção caso a venda da TSA aconteça, com uma nova gestão com a participação dos trabalhadores e o reinício com os pés no chão. Mas essa é uma discussão que ainda via amadurecer, e depende fundamentalmente da efetivação da venda da TSA para pagamento das verbas devidas aos trabalhadores, e da reconstrução da confiança com os trabalhadores e Sindicato. Segundo o presidente do Sindicato, João Bruggmann, a situação ainda é muito complexa, mas agora se abriu o diálogo direto, sem a participação de personagens complicadores.
“A situação ainda é dura, crítica, mas conseguimos finalmente abrir diálogo direto, agora com uma Comissão de Trabalhadores de verdade, legitimamente eleita em assembleia geral promovida pelo Sindicato. Está definido que a venda da TSA, que segundo o Claudio está em andamento e por isso o pedido da liberação das contas foi aceito pelo Juiz e Sindicato, vai passar pelo crivo do Juiz e Sindicato, com a Comissão de Trabalhadores, sob a obrigação do pagamento dos salários atrasados. Isso está inclusive na petição assinada pela empresa. Agora estamos evoluindo, e esperamos chegar logo a um fim que agrade a todos”, explicou Bruggmann.
Por conta de um contrato de confidencialidade firmado com a empresa interessada na compra da TSA, o nome dos interessados não foram divulgados. O Sindicato continua atento e trabalhando para resolver definitivamente a crise da Busscar, e conta com o apoio e participação positiva de todos. As informações verdadeiras estarão sendo publicadas no site sempre que houver novidades.
0 comentários:
Postar um comentário