Após um ano de avaliação popular, maior aeroporto do País recebe nota 4,46 e fica a frente apenas dos terminais de Goiânia e São Luís.
Pedro Carvalho, iG São Paulo
Às vésperas de completar um ano, o ranking popular criado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para avaliar os aeroportos do País é uma ideia que decolou. Mais de 1.620 passageiros já deram notas aos terminais e quase 6 mil se cadastraram no site, que beira 60 mil visitas. Alguns aeroportos podem comemorar notas acima de oito, como os de Fortaleza e Curitiba. Mas o principal e mais movimentado do País, em Guarulhos, foi reprovado na voz do povo e tem nota 4,46 – abaixo da satisfação dos usuários da Rodoviária do Tietê, a maior de São Paulo, cuja nota foi de 7,93 numa pesquisa feita pela Vox Populi em dezembro do ano passado.
A comparação é feita num momento em que os perfis dos usuários de ônibus e avião se misturam. Com o aumento da renda das classes C e D e passagens mais baratas, boa parte das pessoas que usavam só rodoviárias passam a circular também em aeroportos – a Gol, por exemplo, afirma que 47% dos clientes da companhia pertencem a esse grupo. Ao mesmo tempo, nas rodoviárias, o número de passageiros que concluíram o ensino superior saltou de 5% para 13% nos últimos cinco anos. “Acredito que os usuários busquem a mesma coisa – um lugar agradável, limpo e com preços justos”, diz Eduardo Cardoso, diretor da Socicam, empresa que administra a rodoviária do Tietê.
No ranking, ficaram atrás de Cumbica apenas os aeroportos de Goiânia, com média de 2,32, e de São Luís, com 4,45. Manaus (4,46), Campinas (4,75) e Congonhas (4,76), também em São Paulo, completam a lista dos aeroportos cuja avaliação popular está abaixo de 5 pontos. A Infraero não quis comentar a pesquisa popular, mas acredita que os itens de infraestrutura que mais impactam na satisfação do passageiro são aqueles relacionados a limpeza, preço de serviços e estacionamento, entre outros.
Em 2010, a União destinou mais de R$ 1 bilhão do orçamento federal para ser gasto pela Infraero, mas a empresa pública que administra os principais aeroportos do País usou somente pouco mais da metade desse valor – exatamente R$ 643.621.214, ou 59% do previsto. A estatal admite a “baixa realização” e afirma que os principais motivos para isso são licitações fracassadas ou que se alongam por muito tempo, editais impugnados e recursos judiciais. Para 2011, a verba que pode ser usada passa de R$ 2,2 bilhões, mas no primeiro bimestre do ano apenas 2% disso foi executado.
Com a aproximação da Copa de 2014 e das Olimpíadas de 2016, a qualidade dos aeroportos passa a preocupar também autoridades envolvidas nesses eventos. Num recente congresso sobre futebol, no Rio de Janeiro, o ministro dos esportes Orlando Silva declarou: “Está evidente que os aeroportos estão próximos do limite da necessidade do Brasil. Imagino que a Infraero terá de alterar totalmente a conduta, o comportamento, a atitude, ter uma atividade completamente diferente da que teve até aqui, sob pena de oferecer constrangimentos à realização do Mundial de 2014”.
A estatal informa que, até 2014, estão previstos investimentos da ordem de R$ 1,2 bilhão para a construção do Terceiro Terminal de Passageiros em Cumbica, entre outras medidas que “aumentarão a capacidade operacional do aeroporto, trazendo mais conforto e segurança para os usuários”. Entre as obras em andamento, citam a pista de taxi de saída rápida, denominada PR-FF, além de outras que devem minimizar os impactos causados no horário de pico. O setor de embarque dos Terminais 1 e 2 passa por melhorias que devem agilizar a inspeção do raio-x e guichês de imigração da Polícia Federal. Esse empreendimento tem prazo para conclusão no primeiro semestre de 2011.
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