Grupo de aficcionados por ônibus se encontra dentro dos coletivos para conhecer mais sobre o sistema, a cidade e fazer amigos. “Defendo que a maioria dos motoristas deveria ser formada de busólogos”, diz integrante
ROSIENE CARVALHO
Busólogos' de Manaus se conheceram pela Internet, e hoje já são 35 apaixonados por ônibus (Antonio Lima)
Um movimento de pessoas que se intitulam “loucas” por ônibus, os “busólogos”, passou a ter seus representantes em Manaus há dois meses. Os admiradores desse tipo de veículo, na capital que acumula problemas relacionados ao transporte público, transformou os membros do grupo em críticos qualificados do sistema local.
No entanto, esse não é o principal objetivo dos busólogos. O grupo é uma espécie de sociedade privada em que se descobrem pessoas que isoladamente se interessam pelo design, motor, painéis e tudo relacionado aos veículos destinados à condução coletiva de pessoas. Em Manaus, o grupo reúne 30 pessoas com idade entre 13 e 35 anos. Eles se reúnem com frequência, como os apaixonados frequentadores de clubes como o do Fusca e outros tipos de modelos de veículos.
Um deles é o estudante do curso técnico de Segurança do Trabalho e usuário de ônibus Ítalo Henrique de Albuquerque, 18, que declarou que gosta de ônibus desde criança. Ítalo afirmou que os amigos e familiares dele sempre estranharam a preferência. Enquanto as outras crianças preferiam os carrinhos estilo ferrari, Ítalo se mostrava fascinado pelos coletivos. “Acho que se eu gostasse de bonecas seria mais fácil de eles entenderem”, brincou o busólogo.
Ítalo disse que, desde a infância, sempre procurou entender os detalhes de funcionamento dos ônibus. Já na adolescência, passou a prestar atenção em todos os equipamentos que compõem os modelos e a ficar “antenado” nas novidades do mercado.
O estudante ignorava que, em Manaus, outras pessoas tinham os mesmos interesses que ele. Até que um conhecido compatilhou, na rede social Facebook, uma notícia relacionada a ônibus.
Os dois passaram a conversar sobre o assunto. A partir daí, o grupo foi agregando outras pessoas e eles descobriram até motoristas de ônibus busólogos. “Aliás, defendo que a maioria dos motoristas deveria ser formada de busólogos. Porque assim teriam mais amor pelo trabalho e passariam a ter mais cuidado com o veículo”.
Quando o grupo começou a crescer, criaram um perfil no Facebook chamado Busólogo Manaus e também passaram a marcar encontros. Como não podia deixar de ser, as reuniões são em ônibus do transporte coletivo. “Desse jeito, conversamos sobre o assunto que gostamos, que é ônibus, conhecemos melhor as linhas, as impressões dos passageiros, e a nossa cidade também”, declarou.
Apaixonado por ônibus, por enquanto Ítalo é apenas um passageiro, mas revelou um sonho, que é tirar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) na modalidade E, que permite dirigir ônibus. “Não é para seguir carreira, mas saber dirigir o ônibus mesmo. E o trailler, que é um ônibus que deixou de ser para o transporte coletivo e passa a adotar uma série tecnologias e compartimentos internos, é o meu sonho final de consumo”, afirmou.
Especialistas
Toda essa busca por informações detalhadas sobre ônibus, tendo como campo de pesquisa os veículos que servem ao transporte coletivo em Manaus, muniu o grupo de observações sobre a precariedade como opera o sistema na cidade.
Na página do Facebook dos Busólogos Manaus, há uma lista de observações diferenciadas sobre os coletivos, que vão além da tradicional reclamação das superlotações.
Das observações e discussões do grupo, Ítalo afirma que os ônibus da Via Verde, que operam na Zona Centro-Sul, são os mais novos e que operam em melhores condições em Manaus. Os piores, para ele, são os da Global que atendem a Zona Leste.
“Os da Via Verde, que abastecem a Alvorada e bairros próximos, os ônibus verdes, são os ‘melhorzinhos’. Andam mais limpos também e menos lotados. Os da Global estão sempre lotados e não recebem manutenção. Parecem que tem aval do poder público para isso por causa das vias da Zona Leste que oferecem condições de trafegabilidade”.
Ele afirma que até o motor que a Via Verde adota é melhor. “O motor da Volvo é o mais potente. Mais macio para dirigir, o que torna a viagem mais agradável. Nos ônibus da Global até a acessibilidade sofre com as ruas esburacadas e a falta de manutenção. O elevador é colocado atrás e pula muito. Resultado: muitos não funcionam mais”, disse.
Fonte: http://acritica.uol.com.br/
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