Uso de detector de metais não é regulamentado, informa ANTT
Uma empresa que faz o trajeto de ônibus São Paulo–Rio de Janeiro adota um procedimento que tem constrangido passageiros. Antes do embarque, as pessoas e as bagagens passam por revista com detectores de metais. Segundo a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestre), a medida não está prevista na resolução que regulamenta o setor e o passageiro pode reclamar.
No último dia 22 de julho, o jornalista argentino Fernando Moura passou por revista quando embarcava em ônibus da viação 1001 no terminal rodoviário do Tietê, na zona norte de São Paulo. O destino era Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro. Ele contou que todos os passageiros foram revistados por funcionários que pareciam seguranças terceirizados.
- Foi a primeria vez que passei por isso e eu já viajei por vários lugares da América Latina. Achei uma invasão de privacidade.
Moura questionou o funcionário da empresa sobre o que aconteceria, caso o detector apitasse, e foi informado que a bagagem teria de ser colocada no bagageiro, não podendo carregá-la no interior do ônibus. Ele contou que o aparelho também foi passado ao redor de seu corpo para garantir que nada de metálico fosse levado com ele dentro do veículo.
- A empresa parte do ponto que a pessoa é culpada.
A cabeleireira Selma Maria Ribeiro, que mora em São Paulo há quatro anos e costuma viajar para Ibotirama (BA), onde mora sua família, diz que nunca foi revistada.
- Se fosse, eu agiria com tranquilidade, embora ache um constrangimento. Por causa de uns, outros acabam pagando.
A assessoria da empresa informou que adota o procedimento há nove anos como segurança para os próprios passageiros. Segundo a 1001, a revista é realizada em todas as linhas que fazem o trajeto São Paulo-Rio e também em algumas linhas dentro do Estado fluminense. A empresa diz que, como a ANTT não proíbe expressamente a prática, a prática continuará a ser adotada.
A ANTT informou ao R7 que vai enviar um ofício à viação 1001 para que ela se manifeste sobre a denúncia. A assessoria do terminal Tietê informou que só a ANTT pode regulamentar os procedimentos de embarque e desembarque.
Segurança
O que pode constranger algumas pessoas não interfere na vida de outras. O músico Francisco Oliva, que mora no Rio e costuma viajar duas vezes por ano para São Paulo e outros Estados a trabalho, afirma que já foi revistado.
- Para vir do Rio para cá [São Paulo], a polícia costuma passar o detector de metais nas mochilas ou na bolsa da guitarra, o que é normal para mim.
Douglas Silva e Reginaldo Dantas contam que também já passaram por abordagens ao chegar ao Rio por volta das 19h.
- Nós viajamos a cada 20 dias para o Rio de Janeiro e, quando desembarcamos, os policiais pedem para nos revistar, mas só a bagagem. Nunca chegaram à revista corporal. Nem todas as companhias de ônibus fazem a revista. É mais comum em umas do que em outras.
Para o assessor comercial Vitor Resende, que mora com a esposa em São Paulo e tem parte da família no Rio de Janeiro, o procedimento é necessário.
- Vou uma vez por mês para o Rio e seria até melhor que revistassem os passageiros para garantir a segurança. Pessoas podem carregar armas ou drogas e colocar todos em risco. Eu gostaria que a revista fosse mais comum.
Administradora do terminal Tietê diz que não fiscaliza os procedimentos de embarque
(foto: Julia Chequer/R7)
* colaborou Clara Camargo, estagiária do R7
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