quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Catsul terá tarifa reduzida em travessia hidroviária

Empresa e governo marcam para outubro a largada na operação
Patrícia Comunello
A travessia hidroviária de passageiros entre Porto Alegre e Guaíba deve começar em outubro e terá tarifas mais baratas em horários de menor fluxo. A Catsul, empresa que venceu a disputa para explorar o serviço, desativado há cinco décadas, adotará a mesma estratégia das companhias aéreas para impulsionar o transporte e alcançar maior ocupação em períodos do dia com menor atratividade. Segundo o diretor-presidente do grupo Ouro e Prata, dono da Catsul, Hugo Fleck, o contrato firmado com a Metroplan abre espaço para uma política de preços diferenciada, que será seguida para garantir maior atração de usuários e cobrir custos do transporte.
A passagem cheia para cada trecho, cujo tempo de percurso é estimado em 20 minutos, deverá ser de até R$ 7,00. O empresário ainda não definiu se o valor alcançará este teto, previsto na licitação. A tendência é de um preço mais baixo, que poderá seguir o da passagem do ônibus coletivo executivo que faz o trajeto Guaíba - Capital e que é de R$ 6,40. As tarifas mais em conta devem entrar em vigor após as primeiras semanas de funcionamento dos barcos, com estimativa de fluxo de 2 mil pessoas por dia, entre 6h e 22h. A viagem inaugural deverá ser feita em um final de semana. A política promocional deve ser adotada fora dos picos de demanda, esperados para ocorrer no começo da manhã (das 6h às 9h), ao meio-dia e no final da tarde e começo da noite (das 17h às 20h).
“Vamos fazer testes para verificar como está o fluxo para avaliar a demanda. O sistema terá de viver dele mesmo, por isso precisamos ser competitivos”, justificou Fleck, antecipando a disputa com o modal rodoviário para alguns destinos nos quais os coletivos sejam mais demorados. O adiamento para começar a operação não preocupa o diretor da Ouro e Prata, uma das maiores empresas de transporte de ônibus do Estado e que opera com a área hidroviária em Santa Catarina e no Norte do País. “O serviço ficou parado por 50 anos aqui. Se demorar mais um mês ou dois, não vai atrapalhar. Precisamos ter segurança na navegação”, justificou.
O impasse foi gerado pela falta de recursos da Superintendência de Portos e Hidrovias (SPH) para custear a dragagem e sinalização da hidrovia de 15 quilômetros. O superintendente do órgão, Vanderlan Vasconselos, declarou que sem verbas dificilmente seria possível liberar a travessia em 2011. O secretário estadual de Infraestrutura, Beto Albuquerque, discordou e disse que havia alternativa, que já estava em análise e foi divulgada na segunda-feira. “Este transporte é muito importante. Preciso de pessoas que resolvam problemas”, reagiu o secretário, que no final da tarde de ontem teria encontro com Vasconselos. “Por que vamos gastar R$ 1,8 milhão se podemos usar o canal existente?”, contrapôs Albuquerque, diante da cifra que o gestor da SPH havia indicado como necessária para implantar a hidrovia.
A alternativa de navegação foi sugerida pela Catsul, após negociação com o governo. Um estudo de batimetria, custeado pela empresa e apresentado à Metroplan e à Seinfra há dois dias, indicou que a operação poderia ser feita, com ampliação em 200 metros do trecho percorrido.
O superintendente da Metroplan, Elir Girardi, confirmou que a análise apontou a viabilidade. Será preciso instalar boias na área, que podem ser bancadas pela Catsul. O calado de até 2,5 metros de profundidade para a navegabilidade foi assegurado. A batimetria deve ser avaliada agora pela Secretaria Estadual de Infraestrutura. O catamarã (barco que fará a travessia) usará um canal que já é usado por embarcações que transportam areia. O secretário esclareceu que os estudos serão enviados ao Ministério da Marinha para obtenção da autorização para uso da hidrovia na travessia de passageiros. Girardi confirma que a expectativa é dar início à retomada da ligação em outubro.
A Catsul já contratou 40 pessoas que atuarão na operação, entre área de bilheteria e navegação. Fleck revelou que Canoas, comunidades das ilhas do Lago Guaíba e representantes do Polo Petroquímico de Triunfo já buscaram a empresa para ampliar a malha hidroviária. “Estamos estudando mais pontos, mas primeiro temos de começar a funcionar.” O grupo investiu R$ 5 milhões na construção de dois catamarãs e R$ 1,5 milhão na implantação das duas hidroviárias, cujas obras devem ser finalizadas em 30 dias.

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