Para o mercado brasileiro, companhia desenvolve modelo com motor dual fuel gás-diesel
GIOVANNA RIATO, AB | De Hannover, Alemanha
A Mercedes-Benz vai entrar no segmento de ônibus na China, no qual até então não tem presença expressiva. A ofensiva será feita a partir do Brasil, de onde a companhia exportará chassis produzidos na fábrica de São Bernardo do Campo (SP), que serão encarroçados por parceiros no país asiático. A estratégia foi anunciada por Harmut Schick, presidente da área de ônibus da companhia, durante o IAA, salão de veículos comerciais, que abriu as portas para a imprensa em Hannover, Alemanha, na terça-feira, 18.
O executivo garante que a empresa decidiu investir na ideia após ser procurada por diversos fabricantes chineses de carroceria. "Durante o IAA teremos diversas reuniões com possíveis parceiros", admite. Segundo ele, a unidade brasileira é a maior da companhia no mundo para a fabricação de ônibus e possui vocação exportadora. "Temos a fábrica e um importante centro de desenvolvimento. Já vendemos para países da África e para outros asiáticos."
Familiarizado com o mercado brasileiro depois de trabalhar na planta de Juiz de Fora (MG), quando ela ainda produzia automóveis, Schick garante que os veículos feitos na fábrica paulista são competitivos. Ele calcula que atualmente são exportados de 5 mil a 6 mil chassis por ano de lá. A unidade tem capacidade para cerca de 30 mil unidades/ano. Apenas em 2011 o volume foi inferior, já que a planta operou em seu limite para atender a aquecida demanda do mercado interno.
O dirigente enxerga a América Latina como um mercado promissor para os próximos anos. Essa impressão é potencializada pela realização da Copa do Mundo e das Olimpíadas no Brasil. Segundo ele, assim como em outros segmentos, a China é outro destino importante para os ônibus da marca. "Eles compram em torno de 100 mil ônibus anualmente dentro de um mercado mundial de 320 mil unidades", destaca. Ele garante que a empresa detém a liderança das vendas globais, com fatia de 12%.
Schick reconhece que a fome do gigante chinês pode pressionar a fábrica nacional, e adianta que fará estudos cuidadosos para assegurar que as vendas à Ásia não restrinjam a oferta de chassis para o mercado brasileiro. Ele avalia, no entanto, que esta é uma segunda etapa do processo. "Precisamos definir primeiro quais serão os nossos parceiros", acredita. Um possível alívio para a plantas de São Bernardo é que, de acordo com o projeto inicial, os motores serão fabricados na China em parceria com a Foton, com quem a montadora europeia tem aliança no segmento de caminhões. Dessa forma, unidade brasileira ficaria com uma tarefa a menos.
TRANSPORTE SUSTENTÁVEL
A Mercedes-Benz avalia que os ônibus têm papel fundamental na busca global por transporte sustentável. Schick calcula que o modal é o que demanda menos energia. Segundo ele, o consumo médio é de 0,6 litro de combustível para transportar uma pessoa por 100 quilômetros.
Parte importante dos 200 milhões de euros que o Grupo dedica anualmente a pesquisa e desenvolvimento de novos produtos é voltado para a criação de sistemas mais eficientes. No Brasil, a próxima etapa é o lançamento de um modelo dual fuel que utiliza diesel e gás natural. A tecnologia também é aposta da MAN, que já tem ônibus com sistema semelhante. O modelo da Mercedes será desenvolvido em parceria com a Bosch e deve chegar ao mercado nos próximos dois anos.
Outra opção ecológica importante para a Mercedes-Benz, é o diesel de cana-de-açúcar. A companhia é responsável por realizar testes avançados com o biocombustível em parceria com a Amyris. A novidade já circula em uma frota da Viação Santa Brígida na cidade de São Paulo e é uma opção para atender a meta do município de eliminar combustíveis fósseis do transporte coletivo até 2018.
Por: Giovanna Riato / Fonte: Automotive Business
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