domingo, 30 de setembro de 2012

SuperVia compra briga com empresas de ônibus e critica novo BRT da Avenida Brasil

Cintia Cruz e Marcelo Dias
A polêmica trafega entre a Avenida Brasil e a Central do Brasil. E vai ter passageiro achando que é tudo culpa da Rita ou mais uma tramoia da Carminha. A SuperVia lançou uma campanha para atrair passageiros que preferem voltar para casa de ônibus, pela vai expressa. O mote principal da propaganda é a novela das nove, mas o ponto final dessa viagem não é a poltrona do usuário-telespectador, mas sim a futura concorrência entre o sistema de trens e a Transbrasil — o corredor expresso de ônibus que a prefeitura construirá entre Deodoro e o Centro.
Com plano de marketing agressivo, a SuperVia lembra aos passageiros que os trens levam a metade do tempo dos coletivos do Centro a Santa Cruz, Campo Grande, Bangu e Deodoro — bairro de onde partirá a Transbrasil, cujo trajeto concorrerá com o da linha férrea.
Para especialistas, essa disputa resultará numa trombada de mais de R$ 2,5 bilhões em investimentos públicos — entre R$ 1,21 bilhão para a compra de 60 trens pelo governo estadual e R$ 1,3 bilhão que o Palácio do Planalto já liberou para a construção da Transbrasil.
Nos bastidores, a Odebrecht TransPort — controladora da SuperVia — é contrária ao novo Ligeirão. Para atrair passageiros, a concessionária de trens faz provocações: se preferem ficar sentados num ônibus ou no sofá de casa vendo novela. No entorno da Central, dez funcionários distribuem passagens de graça, assim como em Madureira e nos bairros de Gramacho e Saracuruna, em Caxias.
Concorrência
A Odebrecht TransPort mantém distância de atritos com a prefeitura — para quem irá construir e operar a Transolímpica, corredor que ligará Magalhães Bastos à Barra da Tijuca por R$ 1,5 bilhão —, mas o presidente da SuperVia, Carlos José Cunha, admite publicamente a insatisfação pela primeira vez.
— A SuperVia considera os BRTs importantes como sistema complementar, e não paralelo a outros modais. Nas maiores cidades do mundo, o principal meio de transporte é sobre trilhos. A população estará melhor servida se tivermos uma política de transportes públicos que considere a malha como um todo, sem que um concorra com outro — diz Cunha.
Especialistas discordam de investimentos
Ex-presidente do Departamento de Estradas e Rodagens, o engenheiro Fernando Mac Dowell, da UFRJ, afirma que a Transbrasil concorrerá com os trens e que a Avenida Brasil não suportará o BRT:
— A Avenida Brasil abastece a cidade e o porto, que movimenta mais de R$ 16,24 bilhões por ano. A solução é a SuperVia, que tem 150 mil passageiros na Brasil. A demanda ali é de 1 milhão de pessoas por dia, e as obras da Transbrasil seriam um caos.
Diretor do Centro de Ciências Sociais da Faculdade de Economia da Uerj, o economista Léo da Rocha Ferreira diz ser mais racional investir na ferrovia e não no BRT:
— É preciso ampliar o que já existe em infraestrutura e não investir em outra área. A primeira coisa que se aprende em economia é: os recursos são escassos e é preciso procurar maior eficiência na hora de usá-los.
Ex-secretário municipal de Transportes, o deputado federal Arolde de Oliveira conta que a Transbrasil não seria feita no governo anterior:
— Um estudo mostra que os usuários da Transbrasil vão mais para dentro do subúrbio, mas pode haver essa troca (concorrência) nas estações próximas à Brasil. Não queríamos algo paralelo.Leia mais: http://extra.globo.com/noticias/rio/supervia-compra-briga-com-empresas-de-onibus-critica-novo-brt-da-avenida-brasil-6234514.html#ixzz27xulQJlV

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