Jornal do Brasil/Matheus Ferre*
“Eu tenho uma dúvida: eu quero saber como vai funcionar, se vai dar vazão para toda a população que depende de transporte público do Rio de Janeiro”, foi um questionamento comum entre as pessoas que estavam na exposição do vagão do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) na Cinelândia, na tarde desta terça-feira (24) no Rio de Janeiro. O VLT entra em atividade em 2016 e irá transportar cerca de 300 mil passageiros por dia.
A engenheira eletricista Tatiana de Souza, 29, questionou se o novo transporte vai ser eficiente ou “no mesmo nível do BRT”. “Se não tiver uma boa operação não vai dar certo, como é o BRT hoje em dia. A TransOeste e a TransCarioca eu acho que não têm uma boa logística. Se acontecer a mesma coisa aqui no VLT vai dar um grande problema, não vai funcionar também. Se fizer igual ao BRT não vai dar certo, já foi provado com números que o sistema não dá certo”, disse.
Pessoas se reuniram para olhar o novo transporte
O estudante de arquitetura Atílio Flegner, 20, explicou que o VLT será um modal acessório para a população da cidade, não transportando pessoas de muito longe para o Centro da cidade. Ele explicou que o VLT irá ter uma vazão de 9 mil pessoas por hora, o que, apesar de ser um número grande, não é o suficiente para a cidade. Segundo Atílio, o metrô transporta 50 mil pessoas por hora. “Hoje as barcas já transportam 12 mil pessoas e com as novas vão ser 24 mil. Quando o VLT chegar perto da Central [do Brasil] a situação irá ficar muito mais difícil, porque vão ser as pessoas dos ônibus, trem da Supervia e metrô para pegar o transporte”, explicou o estudante de arquitetura. “O que passa de ônibus hoje aqui na Rio Branco, por incrível que pareça, tem maior capacidade de gente do que o próprio BRT ou que o futuro VLT vai ter um dia. Vai acontecer a mesma coisa que aconteceu [com o BRT], eles vão acabar com diversas linhas de ônibus, mas isso não vai funcionar. Eles têm que calcular melhor isso, estão colocando muita fé em modais que são de baixa capacidade”, completou.
“Eu acho que tem duas coisas principais que o governo e a prefeitura precisam se preocupar”, começou dizendo o administrador de empresas Henrique Santana, 39. “A primeira de todas é a vazão. Eu acho que não tem um estudo consolidado ainda de qual seria o volume desse transporte, a quantidade de pessoas. O segundo ponto seria o próprio tráfego. O trânsito corre um grande risco se, principalmente, não houver uma mudança dos modais e ônibus que circulam no Centro da cidade pode dificultar muito”, disse.
Tatiana de Souza disse que acredita ser necessário um momento de teste – diferentemente do que foi feito no BRT com a retirada de ônibus – para que veja como a população irá responder à nova forma de transporte disponibilizada pela prefeitura.
As dúvidas principais da estudante de turismo Jenifer de Miranda Silva, 21, são em relação ao trânsito. Para ela, a dificuldade com o VLT será com a mudança em uma das principais avenidas do Centro. O pedido da jovem era que explicassem para ela como vai haver essa mudança e o trânsito irá fluir normalmente. “Eu espero de verdade que ajude a cidade, esse trânsito horrível todo dia. Eu quero saber se vai melhorar mesmo ou se isso vai ser só mais uma maquiagem para a nossa cidade. O povo precisa de transporte de qualidade, nós usamos diariamente. É essa minha grande dúvida”, questionou a estudante.
As pessoas ficaram em dúvida quanto à funcionalidade do VLT
Atílio Flegner explicou que a concessão do VLT é de 25 anos, no entanto, nos cálculos do estudante de arquitetura engajado com os transportes do Rio de Janeiro, o transporte só irá funcionar por dois anos. "Serão 23 anos de problemas e reclamações para o Rio, afinal, quem irá querer quebrar um contrato desse tamanho?".
A assessoria de imprensa da Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro (Cedurp), informou que o VLT chega para acrescentar o sistema de trânsito da cidade. De acordo com a Cedurp, serão 420 passageiros em intervalos de três a 15 minutos.
Confira a nota da Cedurp:
"O VLT chega para acrescentar capacidade, com operação 24 horas por dia conectando todos os meios de transporte na região central (barcas, trens, metrô, teleférico, ônibus convencionais, rodoviária, aeroporto e terminal de cruzeiros marítimos). Pode transportar até 300 mil pessoas diariamente em seus 28 Km de trilhos. São 420 passageiros por composição em intervalos de três a 15 minutos. Silencioso, moderno e menos poluente, será climatizado, acessível e trará qualidade ao transporte de quem transita pelo Centro.
A velocidade média de 17 km/h se deve ao fato de o VLT atravessar praças e cruzamentos, em parâmetro indicado e seguro para áreas de grande movimentação de pessoas.
A ocupação de duas faixas da Avenida Rio Branco para implantação do sistema atende a uma nova lógica de mobilidade urbana que não prioriza o transporte individual, mas o transporte coletivo. Um VLT pode transportar até 420 pessoas, o que corresponde a 84 automóveis levando em consideração que os carros teriam cinco pessoas cada. Nesse caso, VLT otimiza a ocupação do espaço público."
O JB entrou em contato com a Secretaria de Transportes e perguntou se com a implantação do novo meio de transporte se alguma linha de ônibus irá ser cortada. A resposta da assessoria somente que: "Além do VLT, o centro terá também BRT, com a chegada do corredor Transbrasil até a Presidente Vargas."
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