A experiência curitibana com o uso de biodiesel B100 no transporte coletivo, iniciada pela Urbs há dois anos, foi tema de um dos painéis do 6º Congresso Internacional de Bionergia, promovido pelo Sistema Fiep, que terminou na sexta-feira (19), em Curitiba. O congresso reuniu empresários, técnicos, pesquisadores e profissionais de diversas áreas para debater temas importantes em todo o mundo, como biodiesel, energia renovável, resíduos vegetais e legislação ambiental.
O biodiesel B100 foi apresentado no painel Biocombustíveis pelo gestor de Inspeção e Cadastro do Transporte Coletivo da Urbs, Elcio Karas. Ele fez um breve histórico das inovações do sistema de transporte voltadas à redução da poluição, estacando o reconhecimento internacional conquistado pela cidade por contar com uma frota de ônibus abastecidos apenas com o biodiesel B100, sem mistura de óleo mineral.
O objetivo, explicou Karas, é buscar soluções para poluir cada vez menos. Ele contou que entre 1995 e 1998 foi usado o álcool hidratado na então linha Volta ao Mundo, atual Linha Turismo. Nos dois anos seguintes, foi utilizada uma mistura de 20% de biocombustível (B20) em uma frota de 20 ônibus. Depois, entre 1999 e 2004, foi a vez do álcool anidro, MAD8, também testado em 20 ônibus. Em 2006, a experiência foi feita durante um mês com o B5, mistura de 5% de biocombustível no óleo diesel.“Surgiu então um novo projeto, um projeto inovador”, disse Elcio Karas na palestra, explicando os desafios para uso do biocombustível a 100%. “Não existiam referências no país para uso do B100. Já tínhamos trabalhado com diversas misturas, não queríamos voltar a usar os combustíveis antigos”, afirmou.
O primeiro passo para o B100 foi buscar o desenvolvimento de ônibus que pudessem rodar só com biocombustível.
Os primeiros seis ônibus, desenvolvidos pela Scania e pela Volvo, começaram a rodar na Linha Verde em agosto de 2009. Hoje, são 30 ônibus – 24 Ligeirões e seis na linha Circular Sul – com um consumo mensal de 220 mil litros de biocombustível à base de soja. A meta é chegar ao final de 2012 com 140 ônibus movidos apenas a biodiesel B100.
“Os resultados são animadores”, explicou Karas, destacando que a emissão de gás carbônico, nesta frota, é 30% menor do que nos demais ônibus. Menos poluente, o novo combustível também reduziu as trocas de óleo e filtros do motor em cerca de 50%. Os participantes do painel mostraram-se interessados na experiência de Curitiba, inédita na América Latina e, até onde se tenha notícias, também no mundo. A bióloga Aluana Ariane Schleder assistiu à palestra e considerou o uso do biodiesel B100 como muito importante para diminuir as emissões de poluentes na cidade. “É interessante conhecer a história de um projeto assim, saber dos anos de estudos e pesquisas que foram feitas”, afirmou.
Além do representante da Urbs, outros técnicos e especialistas apresentaram palestras sobre biomassa, mercado e energias renováveis, gás, sustentabilidade e meio ambiente, culturas energéticas, biomassa residual e geração de energia elétrica alternativa.
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