Mais baratas, elas atraem clientes, mas não oferecem segurança; empresas também perdem espaço para aviões
Por DERLA CARDOSO derla.cardoso@abcdbomdia.com.br
A rodoviária de Santo André, maior da região, espera só no mês de dezembro que cerca de 70 mil pessoas passem pelo terminal. O movimento, no entanto, poderia ser ainda maior se não fossem as empresas de ônibus clandestinos que operam no ABCD. Há cerca de cinco anos, o local recebia, neste mesmo período do ano, 110 mil pessoas, segundo a supervisão de operações.
Para se ter uma ideia da facilidade com que as companhias ilegais atuam, é possível encontrar locais em Santo André, nos quais é possível ir para cidades de Pernambuco, Piauí e Bahia sem dificuldades. É só chegar e comprar as passagens, que custam pelo menos metade do valor cobrado pelas empresas convencionais.
Uma passagem para o Piauí partindo do ABCD em dezembro custa R$ 220, com saídas todas os sábados. Já para o Pernambuco e cidades baianas é possível viajar por R$ 180, saindo em qualquer terça-feira. E se perguntar se o ônibus é clandestino, o próprio vendedor de passagens confirma.
O risco, portanto, é do passageiro, que se sujeita a viajar em ônibus que não passam por revisões obrigatórias, não têm seguros e que estão sujeitos a ficar no meio da estrada, caso sejam parados pela polícia.
De acordo com o relatório produzido pelo Departamento de Pesquisa da Viação Itapemirim, cerca de 100 empresas do tipo atuam no país. A média do valor de passagens cobradas é de R$ 177. Por ano, segundo o estudo, as clandestinas transportam 538 mil pessoas e faturam cerca de R$ 96 milhões, se for considerado que cada empresa possuísse apenas um veículo.
As 196 permissionárias, autorizadas a funcionar pela ANTT (Agência Nacional dos Transportes Terrestres), têm 13 mil carros e transportam 131 milhões de usuários por ano.
Segundo o diretor comercial da Viação Itapemirim, José Valmir Casagrande, as viações irregulares são as principais concorrentes das companhias normais. “Nós achamos que isso acontece por falta de informação das pessoas. Muita gente acha que é inacessível a viagem numa empresa como a nossa e acaba se arriscando”, explicou.
Ainda de acordo com Casagrande, o maior desafio hoje é que os órgãos competentes tirem as ilegais do mercado. Além disso, a empresa tem investido em tecnologia e conforto. “Quem viaja numa empresa regular não volta a usar os serviços das clandestinas”, diz.
Risco
“O problema de ir em ônibus clandestino é que a pessoa se sujeita a riscos como sofrer acidentes e perder a vida.”
José Valmir Casagrande, diretor da Itapemirim
Para crescer
De acordo com a supervisora de operações da rodoviária andreense, Sandra da Silva Melo, o maior desafio é trazer mais linhas para o terminal e investir em publicidade. “Cerca de 50% dos moradores de Santo André não sabem que a cidade tem rodoviária. As pessoas acabam indo pegar ônibus no Tietê. Outra questão é a distância daqui até o Centro. Não há muitas linhas que vem para cá e é preciso investir nesse transporte.”
70 mil
pessoas devem passar pela rodoviária de Santo André em dezembro. Há cinco anos, número chegava a 110 mil.
Na lei
As rodoviárias do ABCD estão cumprindo a lei que proíbe cobrança para o uso dos banheiros. A medida começou a valer na primeira semana de setembro deste ano.
Pela facilidade
“Eu sempre ando de ônibus porque é mais prático. Uso muito para ir ao litoral”, explicou Sandra Regina de Sousa.
Mais cômodo
“Vou viajar para o Piauí esse mês. Vim pesquisar preço de passagem, mas acho que vou de avião”, disse Antonio Francisco.
Serviço ruim
“Acho o serviço das empresas de ônibus péssimo. Não tem lugar para sentar no terminal”, contou Isabel Cristina.
Preferência de muitos é avião
Além de perder passageiros para as empresas clandestinas, as viações também caíram na preferência de uma porcentagem de passageiros que passaram a viajar somente com as companhias aéreas.
De acordo com o administrador operacional da rodoviária de São Bernardo, Emerson Campanholo, há cerca de seis anos o movimento tem caído. “Percebemos que o pessoal que ainda vem para ir de ônibus são as pessoas que têm medo de avião ou que levam muita bagagem”, disse.
A rodoviária da cidade deve receber cerca de cinco mil pessoas por dia a partir do dia 10 de dezembro. Campanholo, ainda disse que muitos usuários também deixaram de ir para o terminal e preferem ir até o Tietê para evitar os “pinga-pinga” dos ônibus. “Alguns preferem ir até lá porque vão direto para o destino.”
Segundo a supervisora de operações da Rodoviária andreense, Sandra da Silva Melo, que atua no local há 10 anos, é possível perceber que houve remanejamento de preferências se for levar em conta as situações vividas diariamente.
“Muitas pessoas vêm aqui procurar guichês de passagens aéreas ou ligam perguntando. Isso acontece todos os dias”, informou.
Para José Valmir Casagrande, diretor comercial da Itapemirim, não houve prejuízos para as viações. Ele diz que muitos passageiros deixaram de andar de ônibus e mudaram para o avião, mas que muita gente da classe emergente, que não viajava, passou a usar o ônibus.
“Nossos números estão constantes nos últimos anos. O país é rodoviário e isso não vai mudar. Outro aspecto é que os aviões ainda fazem trechos só de capitais e para a maioria dos brasileiros que moram no interior os ônibus são a saída”, explicou Casagrande. “Para linhas curtas de até 500 quilômetros, os ônibus ainda são os preferidos. Além disso, o avião pode atrasar e o transporte terrestre é pontual na hora de sair”, completou.
Na comparação de preço, passageiros escolhem ir de avião para longas distâncias
Fonte da Matéria:http://www.redebomdia.com.br/
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