quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Transportes públicos na Europa menos 150 milhões de viagens em 10 anos

por Frederico Pinheiro
As oito maiores empresas de transportes públicos viram ‘fugir’ 40,5 mil passageiros por dia, nos últimos dez anos. No total, em 2011 realizaram-se menos 147,7 milhões de viagens na Carris, STCP, metros de Lisboa, Porto e Sul do Tejo, Fertagus, Transtejo/Soflusa e CP face a 2001.
Desde então, apenas a Fertagus e o Metro de Lisboa ganharam passageiros, num período que conta ainda com a entrada em funcionamento dos metropolitano do Porto (2003) e Sul do Tejo (2008).
Os autocarros são cada vez mais preteridos, com a STCP, do Porto, a realizar em 2011 menos 124 milhões de viagens do que em 2001, e a Carris, de Lisboa, com menos 79 milhões. A maior contribuição positiva vem do Metro do Porto, que atraiu 55 milhões de passageiros em 2011.
O ano de 2011 quebrou a dinâmica de crescimento de passageiros dos dois anos anteriores, segundo os dados das empresas facultados ao SOL. No ano passado realizaram-se menos 6,1 milhões de viagens nestas empresas.
Para este resultado contribuiu, de forma significativa, o aumento médio do preço dos bilhetes em 15% decretado pelo Governo em Agosto, uma medida que visa equilibrar as contas das empresas do sector. No primeiro semestre de 2011, estas empresas registavam, no total, um ganho em relação a 2010 de 35 mil passageiros diários. Mas a tendência inverteu-se no segundo semestre, com uma quebra de 3,4% nos passageiros transportados: o aumento dos preços ‘custou’ 69 mil viagens diárias às empresas.
Mas não são apenas os aumentos de tarifas que explicam a tendência de perda dos últimos dez anos. Segundo Álvaro Maia Seco, docente na Universidade de Coimbra, a política de transportes tem «privilegiado a utilização do automóvel». «Por um lado, quer resolver-se o problema do serviço da dívida, que é uma loucura», explica. Em 2010, 76% dos prejuízos das empresas deveram-se ao pagamento de juros da dívida. «Por outro lado», continua o antigo presidente do Metro do Mondego, «é necessário encontrar novas fontes de financiamento, por exemplo, através da apropriação das mais-valias imobiliárias e da utilização das receitas de estacionamento no sector».
Desincentivar a utilização do transporte individual é um imperativo, garante. Segundo o Eurostat, entre 2001 e 2009 a extensão das auto-estradas portuguesas disparou 63%, para 2.705 quilómetros. Como causa e consequência, há mais 734 mil automóveis de passageiros a circular do que em 2001, num total de 4,48 milhões em 2010, segundo os últimos dados da Associação Automóvel de Portugal (ACAP).
«O transporte público não é atractivo», resume Paulino Pereira, docente do Instituto Superior Técnico, em Lisboa. «Há pessoas que começam a comprar carros em segunda mão: é mais prático e até mais barato». Para o especialista, a estratégia definida «deve pensar nas pessoas, colocar-se no lugar do utilizador».
*com Emanuel Costa
Fonte da Matéria: http://sol.sapo.pt/

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