segunda-feira, 7 de maio de 2012

Especialista propõe solução para ônibus em SP

Em vez de projetar poucos corredores de ônibus que custam milhões e acabam não saindo do papel, o consultor em engenharia de transporte Horácio Augusto Figueira apresenta uma solução mais abrangente, barata, que pode ser implementada em pouco tempo.
Figueira propõe 400 quilômetros de faixas exclusivas de ônibus, sinalizadas com cones, nas principais vias públicas de São Paulo. Reversíveis, entrariam em operação nos horários de pico da manhã e da noite e seriam desmontadas nos períodos de menor demanda.
“A Prefeitura precisa decidir se quer transportar dez vezes mais pessoas por faixa de trânsito”, apontou Figueira, ao defender sua proposta. “A alternativa é o colapso na mobilidade da cidade”, acrescentou o especialista, crítico do transporte individual, considerado prioridade da administração municipal.
O especialista exemplifica com a Radial Leste, que liga o Centro da cidade à Zona Leste e é um dos principais corredores de São Paulo. Para aliviar as linhas do Metrô e da CPTM que correm paralelas à Radial Leste, lotadas nos horários de pico, Figueira defende uma faixa exclusiva à esquerda, com cones, para ônibus expressos que não param em pontos.
“Se tivermos 150 coletivos biarticulados por hora, por exemplo, levando 140 pessoas sentadas, com conforto, transportaríamos mais de 20 mil pessoas a cada 60 minutos”, calculou o técnico. “Isso reduziria a lotação do transporte sobre trilhos”, avaliou Figueira.
A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) já implanta, diariamente, 17 faixas reversíveis usando cones, em 33 quilômetros, mas apenas cinco voltadas à circulação de ônibus. 
Vias públicas em toda a cidade poderiam receber faixas exclusivas reversíveis, segundo Figueira. Os grandes corredores, como as marginais Tietê e Pinheiros, bem como a Avenida 23 de Maio, teriam pistas delimitadas com cones à esquerda. “Seriam linhas expressas, para dar velocidade ao transporte coletivo”, opinou o especialista. “Com ônibus confortáveis e passagens diferenciadas”, disse.
O importante, assegurou o consultor, é dar rapidez aos deslocamentos. “O que adianta um ônibus vazio, rodando a 5 km por hora? Não serve para nada. O passageiro prefere ir de Metrô lotado, mas ciente de que chegará logo ao seu destino”, explicou o técnico.
Outras avenidas que teriam condições de receber faixas exclusivas reversíveis, conforme Figueira, são a Bandeirantes, Ricardo Jafet, Braz Leme e Tiradentes/Santos Dumont. “E muitas outras, praticamente na cidade inteira.” Ele dá o exemplo da Rua Conselheiro Rodrigues Alves, na Zona Sul. “Existem muitas como essa. Nesses casos, não é preciso sinalizar com cones. Basta faixa horizontal, no asfalto, e placa alertando para os horários em que a pista da direita é exclusiva dos ônibus.”
O raciocínio de Figueira: “É melhor transportar numa faixa 35 passageiros em 30 ônibus numa hora, ou menos de uma pessoa e meia por carro, em 600 a 900 automóveis, nessa mesma hora?” Ele responde: “O número de transportados é mais ou menos o mesmo, mas é crime ambiental veículos particulares contaminarem a fluidez do transporte coletivo.” 
Autor: Ivo Patarra | Fonte: Diário de S. Paulo


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