Foto:Rodrigo Philipps / Agencia RBS |
Cláudio Nielson, diz estar confiante de que a maioria dos votantes deseja a aprovação do plano de recuperação
Mesmo assim, presidente acredita que plano de recuperação judicial pode reverter a situação e trazer valorização à fabricante de ônibus
Maellen Muniz e Larissa Guerra | maellen.muniz@an.com.br | larissa.guerra@an.com.br
Com menos de uma semana para a retomada da assembleia dos credores da Busscar Ônibus S.A., que ocorre no dia 7, o presidente do grupo, Cláudio Nielson, diz estar confiante de que a maioria dos votantes deseja a aprovação do plano de recuperação judicial da companhia.
Na terça, ele recebeu a “A Notícia” para uma entrevista. A situação em nada lembrava a última conversa tida com a imprensa, em maio, quando Cláudio apresentou slides e contou com apoio da equipe contratada para construir a proposta de recuperação.
Acompanhado apenas por uma assessora, ele falou durante quase uma hora. Detalhou as mudanças apresentadas na terceira versão do plano de recuperação, encaminhada à Justiça na segunda-feira, e confirmou que hoje a Busscar “não vale nada”. Mas disse que “passará a valer com a aprovação do plano na assembleia”.
Cláudio reclamou que o antigo juiz do caso, Maurício Cavallazzi Povoas, não alertou a Busscar sobre a necessidade de adequar o texto à Lei de Recuperação Judicial e Falências.
— Esses ajustes são normais e estávamos dispostos a mudar. Não tinha nenhum tipo de ilusão sobre isso. Mas por que ele não nos falou antes da assembleia?.
Hoje, a empresa tem 40 pedidos na linha de produção, que conta com 350 funcionários. O capital para fabricar os ônibus vem de créditos de clientes e de parte do dinheiro recebido com a venda de um terreno, no Itinga, por R$ 7 milhões.
Sobre a entrada de investidores, Cláudio é otimista, mas admite que o fato de o plano ainda não ter sido votado gera dúvida.
— Os clientes perguntam.
Também não descarta deixar a presidência.
— Se a próxima administração honrar os problemas atuais, não vejo problemas em deixar a gestão. Não corri das responsabilidades. Estive sempre aqui. A gestão pode até mudar, mas o CNPJ continua o mesmo. E é preciso responder por tudo.
A equipe
O plano de recuperação da Busscar está na terceira versão desde a suspensão da assembleia geral de credores, em maio. Desde então, a equipe que assessora a companhia não para.
Além de funcionários, estão neste processo um escritórios de advocacia, uma empresa especializada em reestruturação e uma assessoria de empresa.
— Está sendo um trabalho tranquilo. Estou satisfeito. Temos uma equipe dinâmica e rápida que percebeu os requisitos necessários para este processo. Mesmo a lei de recuperação sendo nova, o pessoal tem experiência —, conta Cláudio Nielson.
Ele garante que a complexidade do caso ficou clara desde o início do processo.
— Alterações são comuns em recuperação judicial. Por tudo o que vi pelo Brasil, desconheço casos que tenham sido lineares, sem ajustes no plano.
— Nem a mudança do juiz do caso pareceu preocupar Cláudio.
— É um processo natural dentro da própria Justiça. Desde que o novo juiz chegou, tive apenas uma rápida conversa com ele.
As assembleias
— Acredito que a próxima assembleia será mais tranquila em relação à primeira. Os credores já foram credenciados. É só questão de ouvir algumas opiniões e abrir a votação —, afirma Cláudio Nielson.
Ele acredita que os ânimos exaltados da assembleia de maio não serão repetidos.
— Imagina quem chegou às 8 horas da manhã. Eram quatro da tarde e nada tinha saído do lugar ainda. Isso dá cansaço físico, lógico.
Quanto às declarações de representantes que usaram o direito da palavra para afirmar que apresentariam propostas alternativas viáveis, Cláudio diz que se trata de estratégia de intimidação.
— Aquilo foi mais para testar reações do que para firmar um compromisso de encontrar uma solução. Cacarejar, cacarejar e não botar o ovo não resolve nada.
O presidente não foi na primeira assembleia e nem irá na próxima.
— A gente acompanha de longe dentro do possível. Sempre com discernimento e maturidade para aguardar os resultados. Mas as expectativas são positivas. Vamos aprovar o plano. Depois, é muito trabalho para fazer a empresa voltar a rodar.
Outro plano
Cláudio Nielson diz que não é possível adotar a proposta entregue por Dicler de Assunção, advogado dos ex-sócios Randolfo Raiter e Valdir Nielson, para recuperar a Busscar.
— Mudar por mudar, fico com o que aí está. O que eles estão sugerindo é crime fiscal. Tanto criticaram os descontos na classe dos credores trabalhistas e estão sugerindo a mesma coisa. O que eles criaram é uma cópia piorada do nosso plano, propondo vender toda a Busscar sem ter o compromisso com a sociedade de manter empregos e ainda colocam o poder de decisão sobre os maiores credores (os ex-sócios têm R$ 304 milhões a receber). E eu sou o vilão da história?
Cláudio diz que a proposta entregue pelo advogado só aumentaria os problemas da empresa.
— O que ele está propondo é que eu fique com a Tecnofibras, que é pequena, e com um problema enorme. Os clientes irão embora, herdarei questões imensas da Busscar. Não vejo que essa proposta vá ter apoio dos credores. A gente leva paulada, mas está mostrando um plano que é possível de ser aplicado. Apanho calado, mas trabalho.
As ações
A questão da conversão dos créditos trabalhistas em ações da Busscar está de acordo com a lei, segundo Cláudio Nielson. As últimas modificações se referem à hipótese de a empresa querer recomprar todos os títulos de uma só vez. Com a aprovação do plano, 12% da empresa passarão a ser dos funcionários.
— Se precisarmos negociar a Busscar com possíveis investidores que fazem questão da participação total da empresa, será preciso recomprar as ações e pagar todo mundo à vista no 12º mês. Caso contrário, segue a proposta de quitar a dívida restante em 30 meses no caso dos trabalhadores que optarem pela venda das ações —, explica.
Quanto ao valor destes títulos, ele afirma que deve variar conforme a quantia que cada um tem a receber. Mas, no momento, eles não têm valor.
— Quanto vale a empresa hoje? Zero. As ações não valem nada. A empresa precisa voltar a ter valor. O trabalhador deverá analisar o desempenho da Busscar e, se julgar ser um negócio lucrativo, ter paciência para que as ações valorizem no mercado”. Quem não quiser aguardar as movimentações para identificar a possível recuperação da empresa e a valorização dos títulos, terá entre os 12º e 24º meses para vendê-las.
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Fonte da Matéria: http://www.clicrbs.com.br/
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