sábado, 27 de abril de 2013

Empresas de ônibus de BH adotam medidas para conter crimes.

Média é de 80 ocorrências de furto e roubo por mês nas rodovias estaduais e seis nas federais
Autor(a) Cláudia Rezende
Os números podem não ser tão assustadores, mas o impacto que cada ocorrência provoca no cidadão é imensurável. Desde que o engenheiro químico João Gabriel Camargos, de 25 anos, foi morto dentro de um ônibus da viação Gardênia, no dia 16 de março deste ano, em Perdões, Sul de Minas, e que, menos de uma semana depois, um veículo da Unir que ia para o aeroporto de Confins foi assaltado, é difícil não pensar “também pode acontecer comigo” a cada vez que se coloca os pés dentro de um ônibus.
Por parte das polícias, há ações preventivas, e das empresas, também, mas não é o suficiente. Em debate, na Assembleia Legislativa, está a criação de um projeto de lei para tornar obrigatória a instituição de dispositivos de segurança nos veículos e, até mesmo, para modificar a punição aos envolvidos em crimes do tipo. 
A ideia do projeto de lei nasceu de uma audiência pública da Comissão de Segurança Pública, em que os pais do engenheiro João Gabriel apresentaram 10 mil assinaturas colhidas pela internet para que a morte do filho não fique impune e se reverta em ações para melhorar a segurança. Um modelo de projeto de lei veio da Polícia Civil, estabelecendo a obrigatoriedade de instalação de câmeras de vídeo e GPS em todos os ônibus intermunicipais. Pelo texto, as filmagens deverão ser capazes de pegar imagens de motorista, cobrador, interior do veículo, passageiros, embarque e desembarque. Além disso, o conteúdo deverá ficar armazenado por, no mínimo, 30 dias.
Durante a audiência pública na ALMG, também ficou definido que haverá outra reunião em um prazo de 30 dias para que cada parte apresente relatório com sugestões e a viabilidade delas. Outras ideias apresentadas foram: instalação de botão de pânico, a ser acionado em caso de ocorrência, detector de metais, cadastramento de passageiros (só existe hoje para ônibus interestaduais) e até abrir o debate sobre uma legislação estadual para punição ao criminoso, já que, em tese, não poderia haver porque o Código Penal é lei federal.
Apesar de ainda não haver legislação que obrigue instalação de dispositivos de segurança, as empresas de ônibus têm se precavido. As que são filiadas ao Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (Setra BH) estão trocando todos os equipamentos de filmagem, por digitais, para melhorar as imagens e facilitar a identificação de possíveis envolvidos em crimes. De acordo com a assessoria de imprensa da entidade, os ônibus associados não são os alvos principais dos bandidos, provavelmente pelo fato de o sistema ter adotado o cartão eletrônico para pagamento das passagens, o que diminui o uso de dinheiro por parte dos passageiros. 
Bernardo Salce/Agência i7
No Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros Metropolitano (Sintram), os equipamentos de filmagem estão presentes em cerca de 70% dos coletivos, conforme o coronel Bahia, responsável pelas ações de segurança na entidade. Eles foram instalados de cinco anos para cá, junto com a criação do Ótimo, cartão que substitui o dinheiro para pagamento da passagem, a instalação de cofres nos veículos e campanhas de orientação, em que a dica principal é não reagir. Com isso, o coronel percebe que houve mudança nos crimes. “Ainda existem, mas são assaltos de pequeno vulto, para pegar pequena parcela de dinheiro. Se, antes, roubavam, R$ 300 em um assalto, hoje, levam R$ 30”. Segundo o policial, o pior nas ocorrências é o medo que elas disseminam. “O pânico das pessoas de ter uma arma apontada para a cabeça, porque todos os assaltos são com arma de fogo”. 
Número de ocorrências é maior em MGs: mais de duas por dia 
Neste ano, até o mês de fevereiro – portanto, não abrange o mês da morte do engenheiro João Gabriel Camargos –, houve 160 ocorrências de furto e roubo dentro de coletivos que passam pelas rodovias estaduais, média de 80 por mês e 2,6 por dia. O número deste ano é menor que os de 2012 (202) e 2011 (184), no mesmo período, conforme a Secretaria de Estado de Defesa Social. Nas rodovias federais, foram 18 neste ano, até março, o que dá cerca de seis por mês. Em 2012 inteiro, foram 84, e em 2011, 96, de acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF).
O inspetor Adilson Souza, responsável pela Comunicação Social da PRF, observa que a ocorrência não é a que torna o tipo de crime mais importante dentre os que são prevenidos pela corporação, mas, ainda assim, existem ações específicas para combatê-lo, como operações policiais, uso de van com raio-x para fiscalizar ônibus, patrulhamento com motocicleta e dois policiais e ação de inteligência. Segundo ele, das regiões do estado, a que apresenta situação de mais alerta é o Triângulo Mineiro, que concentra cerca de 50% dos casos.
Geralmente, os criminosos agem com comparsas. “Casos como o de Perdões (que levou à morte do engenheiro), em que o criminoso entra sozinho, como passageiro, não são comuns”, diz. O modus operandi é de, pelo lado de fora, os bandidos atirarem no veículo, fazendo o motorista parar, e, em seguida, entrar e roubar os passageiros. De acordo com o inspetor, o motorista é a chave para que um assalto não termine em tragédia. “Ele é que vai avaliar: entrou um suspeito, tem alguém seguindo, tem de parar no primeiro posto policial”.

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