Os quatro primeiros trechos a receberem o BRT percorrerão os eixos Norte-Sul e Leste-Oeste
Rosimeire Silva
O sinal verde para a viabilização do sistema BRT em Sorocaba foi dado em março deste ano, com a liberação, por parte do governo federal, de uma verba de R$ 127,2 milhões para a execução do projeto. Segundo o diretor da Urbes - Trânsito e Transporte, Renato Gianolla, esse recurso, que faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento 2 (PAC), será utilizado exclusivamente para financiar a infraestrutura do sistema, já a aquisição dos novos veículos ficará por conta das empresas que assumirem a sua operacionalização.
O projeto básico de implantação do sistema deverá ser entregue ao Ministério das Cidades até março de 2014. Se aprovado, a Prefeitura de Sorocaba estará liberada para iniciar o processo de contratação da empresa que ficará responsável por iniciar as obras. O prazo previsto de execução, a partir da assinatura do contrato, é de até dois anos. De acordo com Gianolla, atualmente os técnicos da empresa estão se dedicando à consolidação funcional para a elaboração do projeto base, que ficará a cargo de empresa a ser contratada. O lançamento do edital, diz ele, está dependendo apenas de uma definição se a contratação será por meio de licitação ou de uma Parceria Público-Privada (PPP), que depende de uma aprovação por parte da Câmara Municipal. A previsão é que até o final deste semestre essa modalidade de contratação já possa ser definida.
Como funcionará
Embora o projeto base que definirá a estruturação do funcionamento do BRT em Sorocaba ainda não tenha sido elaborado, o diretor da Urbes adiantou ao <BF>Cruzeiro do Sul<XB> quais serão as diretrizes para a implementação do sistema na cidade. O primeiro ponto destacado por ele é que nesta primeira fase, o BRT de Sorocaba não contará com corredores centrais segregados, como ocorre em Curitiba. "Embora tenhamos características operacionais semelhantes à capital paranaense, o nosso sistema será desenvolvido de acordo com a realidade de Sorocaba para evitar gastos excessivos com desapropriações."
O estudo preliminar realizado pela Urbes prevê a implantação de 35 quilômetros para a circulação do BRT dentro dos quatro principais corredores da cidade. Deste total, 20,3 quilômetros serão de corredores exclusivos para ônibus com desembarque em nível pela esquerda, junto ao canteiro central, onde serão instaladas as estações. Outros 14,7 quilômetros serão de faixas exclusivas, com desembarque à direita pela escada, nos pontos normais.
De acordo com Gianolla, os quatro primeiros trechos a receberem o BRT percorrerão os eixos Norte-Sul e Leste-Oeste. No Norte-Sul, os corredores percorrerão as avenidas Itavuvu e Ipanema (com desembarque em nível pela esquerda), seguem em faixa pela direita pelas ruas Comendador Oeterer e Hermelino Matarazo até o terminal Santo Antonio, e depois partem para a região Sul da cidade até a avenida Antonio Carlos Comitre, onde serão implantadas faixas exclusivas com desembarque pela direita. O eixo Oeste-Leste inicia pela avenida Armando Pannunzio, com corredor e desembarque em nível pela esquerda, segue pela avenida General Carneiro até a praça Nove de Julho, desce para a região central em faixa exclusiva pela direita, passa pelo terminal São Paulo e depois segue pela avenida São Paulo, onde o desembarque também será feito em nível pela esquerda, com estações instaladas no canteiro central.
Segundo o diretor da Urbes, cerca de 95% da demanda de usuários do transporte coletivo poderá ser atendida por esse sistema alimentador, o que corresponde a cerca de 150 mil a 180 mil passageiros por dia. A estimativa é que a partir da implantação do sistema, o tempo de viagem das linhas tenha uma redução de cerca de 20%. Para dar maior rapidez no fluxo dos BRTs, os pontos de parada serão reduzidos, especialmente nas estações em nível instaladas nos canteiros centrais. Inicialmente, o diretor da Urbes disse que irão operar apenas os ônibus articulados em Sorocaba, com capacidade para até 170 passageiros, com portas à direita e esquerda. Com isso, os mesmos ônibus que circulam nos corredores também poderão percorrer os bairros, caso seja necessário, já que o arco de giro desses veículos é semelhante ao dos ônibus convencionais, o que permite que eles rodem pelas vias normais. Além dos articulados, os ônibus convencionais, de linhas de alta demanda de passageiros, poderão utilizar os corredores do BRT, que também estão liberados para a circulação de táxis e fretados.
Gianolla disse que possivelmente os terminais e miniterminais de ônibus também deverão passar por adequações para receberem os BRTs, mas que ainda está em fase de estudo se o embarque dentro dessas áreas de transferências será feito pela direita ou pela esquerda.
Plano diretor
O diretor da Urbes não descarta que no futuro Sorocaba passe a contar com corredores centrais exclusivos para os ônibus para o atendimento do crescimento da demanda de usuários, principalmente nas regiões de maior desenvolvimento. Para isso, destaca ele, será preciso que no novo plano diretor do município haja uma atenção para a preservação de áreas que poderão receber essas vias.
Outra preocupação, cita ele, é em relação à preservação das áreas de ferrovia, que futuramente poderão receber os Veículos Leves sobre Trilhos (VLT) que, na sua avaliação, será um complemento importante na rede de transporte coletivo do município. "Sorocaba ainda tem muito a crescer e esse é o momento de planejar esse crescimento, especialmente no que se refere à mobilidade urbana", destaca.
0 comentários:
Postar um comentário