Estafa de motoristas, 200 assaltos. Veja um raio-X do serviço na capital alagoana
Por Karine Amorim
Com um sistema de transporte coletivo composto por 655 ônibus, Maceió transporta diariamente 270 mil passageiros, numa média total de seis milhões e 500 mil passageiros por mês.
Os coletivos são das empresas de ônibus Piedade, Real Alagoas, São Francisco, Cidade de Maceió, Veleiro e Massayó. Com uma média de 38 assentos e capacidade máxima de 60 a 70 pessoas, em pé, em horários de pico a quantidade pode chegar entre 150 e 200 pessoas, afirmam passageiros de ônibus.
“Tenho que esperar mais de uma hora pelo ônibus, sem falar que quando passa, passa lotado. A tarifa é cara e alguns motoristas e cobradores ainda desrespeitam os usuários. A situação é ainda mais complicada pra mim porque se eu quiser ir pra o Forene, onde moro, eu tenho que pegar lotação, pois o Forene Cambuci agora só para no terminal do Eustáquio Gomes. As lotações estão salvando o transporte público”, afirmou o universitário Yghor Vasconcelos. “É muita gente e pouco ônibus, sem falar que o calor é muito grande”, acrescentou Adriana Santos.
Questionado se haveria um número de passageiros pagantes ao final do dia, a Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito de Maceió (SMTT) confirmou a informação e disse que em quase todas as empresas há esta meta. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários em Alagoas (Sinttro), Écio Luiz, discordou e afirmou não existir meta.
“Não faz sentido. Esta é uma questão que envolve passageiros e não tem como controlar esse número a ponto de ter meta”, afirmou o sindicalista.
Questionado se é feita fiscalização para o transporte adequado de passageiros e no trabalho dos rodoviários, a SMTT informou que fiscais de transporte da SMTT e das empresas de ônibus realizam periodicamente a fiscalização, acrescentando ainda que motoristas e cobradores são capacitados pelo Serviço Social do Transporte (SEST) e o Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (SENAT).
Mesmo com a capacitação dos rodoviários, as infrações não são evitadas. De acordo com a SMTT o uso de celular quando estão dirigindo, descumprimento da ordem de serviço e não parar em pontos para embarque e desembarque.
“Já passei por situações que por pouco o motorista não passou do ponto que eu ia descer. Ele só parou porque eu gritei”, acrescenta Yghor Vasconcelos.
Assim como Yghor, outros passageiros passam por situações semelhantes. Reclamações de parada para embarque e desembarque, quantidade de pessoas no ônibus em horário de maior movimento e alta velocidade são a maioria das reclamações.
Sobre a possível sobrecarga de função dos rodoviários, apenas rodoviários de microônibus exercem a função de motorista e cobrador, em função da capacidade de passageiro ser menor, explicou a SMTT.
Écio, presidente do Sinttro, aponta ainda a problemática da falta de mobilidade urbana. “O aumento da frota e a circulação de veículos aumenta os níveis de congestionamento e deixam impacientes passageiros e rodoviários. A média de quilometragem é de 10km/ nos horários de pico”, disse, ressaltando a falta de respeito de alguns motoristas e cobradores. “Muitos passageiros acham que é culpa do motorista a lentidão do trânsito e começam a reclamar. Eles precisam compreender que a depender do horário de circulação e em trechos de ruas muito estreitas é preciso diminuir a velocidade”, disse.
O crescimento do número de assaltos a ônibus e atitude de torcedores em dias de jogos é preocupante. “De janeiro até agora foram 200 assaltos só em ônibus da empresa São Francisco. A insegurança é grande. Em dia de jogo só Deus sabe. As pessoas sobem em cima do teto, quebram vidro e assentos, destroem o ônibus”, afirmou Écio, acrescentando que as fotografias de acusados de crime nos painéis de ônibus devem inibir a ação de assaltantes.
Acidentes envolvendo ônibus
As infrações cometidas por motoristas e a fiscalização dos órgãos no transporte de passageiros e na capacitação de rodoviários traz à tona questões importante sobre transporte público.
No dia 2 de abril, um acidente envolvendo um ônibus urbano caiu de um viaduto sobre a Avenida Brasil, no Rio de Janeiro, deixando um quadro de sete mortos e 10 feridos.
O episódio do Rio de Janeiro repercutiu no Brasil e levanta questões referentes à fiscalização dos órgãos de trânsito na prevenção contra acidentes evolvendo ônibus urbanos. De acordo com o Sistema de Controle de Infrações de Trânsito da prefeitura do Rio de Janeiro, o veículo havia recebido 46 multas desde março de 2008, correspondente a uma multa de trânsito a cada 40 dias. Após o acidente, a empresa foi multada e pode perder concessão para operação de ônibus. Após o acidente, 10 ônibus da empresa foram recolhidos por problemas na documentação e na conservação dos veículos.
No dia 10, um ônibus tombou em um posto de gasolina e fez quatro vítimas, dentre elas, uma mulher morreu. Já no dia 16, outro ônibus tombou, no Rio de Janeiro, e deixou ao menos 20 vitimas.
Fonte: http://cadaminuto.com.br/
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