Resultado de R$ 3,4 bilhões representa queda de 7% ante 2013
Roberto Hunoff, de Caxias do Sul
Unidades vendidas caíram 12,3% em relação ao período anterior
A Marcopolo encerrou o ano passado com números negativos em produção e receita em decorrência, essencialmente, da baixa demanda do mercado interno dos setores público e privado. A fabricante de carrocerias de ônibus de Caxias do Sul apurou receita líquida de R$ 3,4 bilhões, em queda de 7%, resultado da venda de 17.973 unidades, número que foi 12,3% inferior a 2013.
Internamente as receitas caíram 10,2%, para R$ 2,252 bilhões, com a entrega de 13.955 ônibus, recuo de 14,1%. Em seu relatório, divulgado nesta terça-feira (24), a diretoria expõe que o segmento de ônibus rodoviários foi afetado pela indefinição do modelo de concessões das linhas interestaduais e internacionais por parte do governo e pela menor demanda na atividade de fretamento. Nos urbanos o problema ainda foi o congelamento das tarifas nas principais cidades brasileiras, após as manifestações populares de 2013. Segundo a empresa, o setor começou a dar sinais de retomada com os recentes reajustes em mais de 80 cidades, além das exigências de alguns municípios pela adoção de ar-condicionado e limitação da idade da frota.
Também interferiu negativamente na demanda interna a decisão do governo de não dar sequência ao sexto pregão do projeto Caminho da Escola, realizado em janeiro de 2014. Devido às restrições orçamentárias, o governo adquiriu apenas 40% do lote de 4,1 mil unidades que havia contratado junto à empresa, impactando a unidade Volare, que teve recuo de 19,5% nas vendas, para 4.412 veículos. Também não há definição sobre continuidade das compras para este ano.
No mercado externo, a receita cedeu 0,2%, para R$ 1,148 bilhão. A partir do Brasil, a empresa exportou 1.916 ônibus, recuo de 11,4%. Segundo a diretoria, apesar do menor volume de unidades faturadas, as margens mostraram recuperação em função da desvalorização do real e pela volta, de forma permanente a partir de outubro, do Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários para as Empresas Exportadoras (Reintegra). No faturamento externo, também entram as receitas geradas por unidades localizadas na África do Sul e México, as quais somaram 2.413 ônibus, em alta de 7,9%. Destaque para planta mexicana, com mais de 1,6 mil unidades e expansão de 18,4%. O fato deve-se ao início da produção local do modelo rodoviário Paradiso 1200 da Geração 7.
Em razão do menor volume de vendas e de um mix mais leve de modelos na unidade de Ana Rech - a empresa produziu 1.175 rodoviários a menos que em 2013 no Brasil -, bem como de impactos provenientes de curvas de aprendizado na Marcopolo Rio, que lançou o novo Torino, e no México, a companhia consolidou números inferiores em suas margens. O lucro líquido de 2014, que alcançou R$ 224,1 milhões, cedeu 23,3% sobre o de 2013. Com isso, a margem líquida caiu de 8% para 6,6%. Ao longo do ano, a empresa investiu R$ 136 milhões, queda de 57,5% sobre o exercício anterior.
O número de funcionários no Brasil era de 10.659 no final de dezembro, apenas 53 a menos do que em 2013. Em Caxias do Sul, houve redução de 275 vagas, com queda para 7.883 trabalhadores. Nas demais unidades do Brasil, o quadro cresceu 8%, para 2.776. No exterior, são mais 6.159 funcionários, número 19% inferior ao de 2013.
Para a companhia, ano será de muitas expectativas
Em seu relatório, a diretoria observa que o mercado doméstico de ônibus começou o ano impactado pelas recentes alterações nas regras para financiamento por meio de linhas Finame e PSI e pela indefinição de data para publicação pela Agência Nacional de Transportes Terrestres do modelo de autorização das linhas interestaduais. A partir da publicação, a empresa espera que os transportadores retomem a renovação de frotas, que vem sendo protelada há quase dois anos. No segmento urbano, a expectativa é de recuperação em decorrência do reajuste das tarifas do transporte público.
Os sinais de reação mais consistente vêm do exterior. A diretoria antecipa que existem negócios importantes em andamento, com destaque para o México, onde é esperado maior volume de vendas de rodoviários. A companhia ainda aguarda melhor desempenho na Austrália e condições mais favoráveis em razão da desvalorização do real.
Fonte: http://jcrs.uol.com.br/
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