quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Caio Induscar dá férias a 400 metalúrgicos em Botucatu

Maior montadora de ônibus em Botucatu já sente o reflexo da economia no País e dispensa parte dos funcionários; sindicato tentará recursos com a prefeitura
A crise econômica no País já começa a refletir na região. A empresa metalúrgica Induscar Caio, maior montadora de ônibus em Botucatu (100 quilômetros de Bauru), concedeu férias coletivas a 400 funcionários, segundo informou o Sindicato dos Metalúrgicos da cidade, que deve buscar ajuda junto à administração pública. 
O impacto negativo na economia atingiu também a Tecnaut, indústria e comércio de metais instalada no município. A empresa já decretou 32 demissões somente neste ano e mais 60 estão previstas para os próximos dias. “Infelizmente, não enxergamos perspectivas positivas”, lamentou o gerente industrial da Tecnaut, Cláudio Roberto Vieira.
De acordo com tesoureiro do Sindicato dos Metalúrgicos em Botucatu, José Carlos Lourenção, o fator determinante para o início da crise foi a redução do Finame - linha de financiamento do banco para a compra de máquinas e equipamentos – para o setor de caminhões e ônibus. A medida foi anunciada pela presidente Dilma Rousseff (PT) antes do Carnaval.
“Caiu de 80% que eram concedidos às metalúrgicas para 50%”, pontuou. Lourenção ressalta ainda que, desde o início do ano, o governo federal parou de adquirir ônibus escolares. “Além disso, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), decretou que todos os ônibus devem ter ar condicionado”, acrescentou.
Esta última medida, segundo o tesoureiro, deveria ter um prazo de, pelo menos, seis meses para ser implementada. “É preciso mudar muita coisa na forma de montagem dos veículos, inclusive no motor”, explicou.
Férias e demissões
As férias coletivas na Induscar Caio, que hoje possui cerca de 4 mil funcionários, foi anunciada na terça-feira. Em princípio, segundo o sindicalista, serão 10 dias de dispensa. “A empresa vai fazer rodízio de férias”, disse Lourenção.
Segundo ele, a montadora já teria demitido ao menos 230 funcionários nos últimos dias. Já a assessoria de comunicação da Induscar alega que parte dos metalúrgicos está trabalhando normalmente, enquanto o restante permanece em férias (não foi informado a quantidade de funcionários dispensados).
Para tentar minimizar o problema, o sindicato pedirá auxílio para a prefeitura. “Vamos tentar unir forças na cidade, porque entendemos que trata-se de um impasse político. Uma das ideias é pedir que o município conceda cursos profissionalizantes gratuitos aos metalúrgicos. Seria uma forma de garantir preparo para que eles consigam trabalho em outras empresas, caso seja necessário”, finalizou.
O prefeito de Botucatu, João Cury Neto (PSDB), confirmou que é possível oferecer os cursos gratuitamente. “Assim podemos oferecer qualificação, estrutura e suporte aos trabalhadores”, garantiu.
Queda de 15%
Em dezembro do ano passado, a Induscar Caio emitiu uma nota de imprensa alegando que “o mercado de 2014, em relação a 2013, teve uma queda de 15%, por motivos como a estagnação da economia; indefinições no mercado até as eleições; defasagem tarifária em várias cidades do País; depredações de ônibus que desestimularam os investimentos dos empresários.”
A metalúrgica ressaltou ainda que a greve das montadoras afetou a fabricação e a disponibilidade de chassis para as fabricantes de carrocerias.
“Outro fator relevante nesse cenário foi a publicação de uma portaria no Diário Oficial, na qual determinou-se que todos os veículos vinculados aos serviços de transporte coletivo de passageiros da cidade de São Paulo deverão ter ar condicionado”, acrescentou, em nota.
A empresa estipulou também que a produção caiu de 30 carrocerias por dia, para menos de 15 unidades, ou seja, mais de 50% de redução.
Sem dinheiro
Gerente industrial da Tecnaut em Botucatu, Cláudio Roberto Vieira, disse que o reflexo negativo da economia já assola a empresa desde o final de 2014. “Não tem dinheiro no mercado. Já reduziu 50% nos serviços só neste ano”, disse. O empreendimento, que tem 244 empregados, demitiu 32 e mais 60 desligamentos estão programados para a próxima semana. “Vamos segurar 3 meses e, se não melhorar, talvez haja mais demissões”, disse.
Fonte:http://www.jcnet.com.br/

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