quinta-feira, 10 de março de 2011

Empresas buscam formas de reduzir o impacto ambiental

Jefferson Klein

Klein ressalta que o biocombustível é capaz de reduzir em até 57% o volume de emissões A preocupação com o meio ambiente, que praticamente é imposta pela sociedade às grandes companhias, faz com que as empresas de transporte de cargas estudem opções para amenizar os reflexos que suas atividades causam. Essa é uma questão sensível para os agentes do setor logístico, muito vinculado ao modal rodoviário e à utilização de óleo diesel. O inventário nacional de emissões veiculares, realizado pelo governo federal, mostra que do total de emissões de CO2 do segmento de transporte rodoviário em 2009, 53% vieram da queima de óleo diesel, 2% do biodiesel, 26% da gasolina, 17% do etanol e 2% do gás natural veicular (GNV).
Ao projetar para 2020, essa participação relativa poderá se alterar, por exemplo, pela desaceleração das emissões associadas à gasolina, explicada pela rápida ascensão da frota de veículos flex fuel e pelo mercado favorável ao etanol em anos recentes. Desse modo, a previsão para as emissões de CO2 para 2020 poderão estar assim distribuídas: 49% da queima de diesel, 21% da gasolina, 3% do GNV, 24% do etanol e 3% do biodiesel. Consideradas apenas as emissões de CO2 oriundas dos combustíveis fósseis, em 2020 serão aproximadamente 196 milhões de toneladas, das quais 131 milhões de toneladas associadas ao diesel, 56 milhões à gasolina e 9 milhões ao GNV.
Ciente desses impactos, uma das medidas do governo foi estipular, no ano passado, em 5% a adição de biodiesel ao diesel utilizado no Brasil. A mistura divide opiniões. Um dos defensores do biodiesel e do aumento do seu percentual no óleo é o presidente-executivo da União Brasileira do Biodiesel (Ubrabio), Odacir Klein. Ele afirma que o biocombustível é capaz de reduzir em até 57% as emissões de CO2, segundo atesta a Environmental Protection Agency, a agência ambiental dos Estados Unidos. Se nas metrópoles brasileiras fosse ampliada a mistura em 20%, a diminuição seria de 20% na emissão de hidrocarbonetos e mais de 10% em materiais particulados e CO2.
Klein destaca que existe um marco regulatório que impede a ampliação do setor de biodiesel. “O primeiro passo é mudar isso”, defende. Essa questão será discutida entre a Ubrabio e o governo federal. O objetivo é aumentar a mistura do biocombustível gradativamente, mas os empreendedores da área falam em um patamar de 7% ainda este ano. Hoje, as plantas em operação trabalham abaixo da capacidade instalada, que é de aproximadamente 5,6 bilhões de litros, para um consumo este ano em torno de 2,5 bilhões de litros.
O vereador de Porto Alegre Carlos Todeschini (PT) é autor do projeto para aumentar de 5% (B5) para 15% (B15) a mistura de biodiesel na frota de ônibus da Capital gaúcha. A matéria encontra-se na Câmara municipal para apreciação de vetos do prefeito José Fortunati a dois artigos. A meta é aumentar dois pontos percentuais por ano. Segundo Todeschini, a medida fortalecerá a cadeia produtiva do biodiesel, que gera milhares de empregos no campo, e também diminui a corrosão causada nas edificações urbanas com a circulação dos ônibus.
O vereador recorda que o primeiro motor a diesel, criado há mais de cem anos por Rudolf Diesel, foi movido a óleo de amendoim. “Então, estamos resgatando uma ideia original com o biodiesel que é uma boa alternativa para a economia e para o meio ambiente”. Apesar desses argumentos, o Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis e Lubrificantes do Rio Grande do Sul (Sulpetro) opõe-se à proposta. “Para o consumidor, esse projeto de lei só traz prejuízo, o biodiesel com 5% já é responsável pela formação de borra nos veículos e pela oxidação”, manifesta o presidente do Sulpetro, Adão Oliveira. Ele adverte que cada vez que adicionar mais biodiesel ao diesel, o valor do combustível aumentará, refletindo no custo da tarifa do transporte público.

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