segunda-feira, 26 de maio de 2014

BRT Transcarioca vai utilizar biodiesel de cana

Inicialmente, seis veículos do Transcarioca usarão combustível que emite 90% menos poluentes
PAULO CAPPELLI
Rio - Uma novidade nem tão perceptível aos olhos do passageiro mas que, a longo prazo, pode fazer muita diferença no ar que ele respira: o diesel produzido a partir da cana de açúcar será o combustível usado por parte da frota de ônibus que circulará no BRT Transcarioca. Além de totalmente renovável, o biodiesel originado da cana reduz em até 90% a emissão de gases causadores do efeito estufa, sendo ainda menos poluente que o produzido a partir da soja, hoje mais utilizado no Brasil. Será a primeira experiência no transporte público do Rio envolvendo o novo biocombustível sem a adição do diesel comum.
Inicialmente, seis veículos “verdes” rodarão pelo corredor expresso que ligará o Aeroporto Internacional Tom Jobim à Barra da Tijuca. “Dos 147 ônibus do Transcarioca, seis serão abastecidos com o biodiesel da cana, para fazermos o teste em condições reais de operação. Utilizaremos 200 mil litros do combustível para essa fase experimental de seis meses. A ideia é usarmos cada vez mais o combustível renovável da cana na frota do Rio”, revela Guilherme Wilson, gerente de Planejamento e Controle da Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor).
Outra vantagem é que o biocombustível da cana pode abastecer veículos que utilizam o diesel convencional, sem necessidade de alteração no motor. Um dos empecilhos, no entanto, é o preço: o litro atualmente não sai por menos de R$ 9,00, cerca de quatro vezes o valor do diesel comum. 
“O produtor tem prometido trazer o combustível renovável da cana ao preço do diesel comum até 2016. Daí, poderíamos começar a fazer a substituição”, avalia Wilson. 
O biocombustível da cana é produzido na Usina Paraíso, no município de Brotas, em São Paulo, pela empresa americana Amyris. O investimento para os seis meses de experiência no Transcarioca é de R$ 2 milhões, resultado de uma parceria entre prefeitura, Fetranspor, Amyris e as distribuidoras Shell e Ipiranga. O Transcarioca será inaugurado 1º de junho, em evento com a presença da presidenta Dilma Rousseff. Passageiros poderão utilizar o serviço a partir do dia 2.
Corredor vai tirar 500 ônibus das ruas e reduzir emissões em 18%
Embora oriundo da cana de açúcar, o biodiesel produzido em São Paulo e que abastecerá os ônibus do Transcarioca é bem diferente do etanol que motoristas brasileiros já estão acostumados a encontrar nas bombas dos postos de gasolina. “Trata-se de um combustível revolucionário, que é desenvolvido a partir de micro-organismos geneticamente modificados que produzem a fermentação do caldo de cana. Em vez de etanol, há a produção de hidrocarboneto”, explica Guilherme Wilson, gerente de Planejamento e Controle da Fetranspor. “O material particulado, que é aquela fuligem que sai dos escapamentos dos veículos, é reduzido em 41% com o combustível renovável da cana”, acrescenta.
Segundo estudos da Fetranspor, com o corredor Transcarioca em funcionamento, a emissão de gases poluentes cairá 18%, mesmo sem levar em conta o uso do biocombustível da cana. Os cálculos foram elaborados com base na retirada de 500 ônibus antigos que sairão de circulação, na melhoria da eficiência energética por conta da velocidade operacional — os novos ônibus ficarão livres de engarrafamentos — e na redução da quilometragem total rodada. 
O serviço parador do BRT começará a funcionar em 2 de junho, da Barra até o Tanque. Já a linha expressa do Aeroporto à Barra, com integração à Linha 2 do metrô, começa a operar dia 4.
Relatório sobre modelo elétrico sairá em julho
Em fase de testes desde o fim de março, o ônibus elétrico em circulação no Rio ainda precisa de aperfeiçoamento para se tornar comum nas ruas da cidade. De acordo com Guilherme Wilson, gerente de Planejamento e Controle da Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor), os resultados apresentados até o momento são apenas razoáveis. “Estamos fazendo uma avaliação técnica detalhada do combustível gasto por dia e do carregamento por passageiros.
Devemos fechar, em julho, os primeiros relatórios do ônibus elétrico em termos de incentivo e financiamento. Acreditamos que ainda precisamos evoluir, mas não estamos abrindo mão dessa tecnologia”, diz. 
A montadora chinesa BYD, que fabrica o ônibus elétrico, anunciou este ano investimentos de US$ 100 milhões para instalar uma fábrica no Estado de São Paulo. Fato que pode contribuir para a popularização, no Brasil, de veículos movidos a energia elétrica. 
Em São Paulo, um projeto de lei aprovado pela Câmara Municipal prevê devolução de metade do valor gasto com IPVA para veículos elétricos. O texto aprovado está, atualmente, em análise pelo prefeito Fernando Haddad.

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