Como último recurso para enfrentar a crise econômica, a maior montadora de ônibus de Botucatu dispensa centenas de funcionários neste mês
Cinthia Milanez e Marcus Liborio
A crise econômica do País já se instalou em Botucatu (100 quilômetros de Bauru). A empresa metalúrgica Induscar Caio, que é a maior montadora de ônibus do município, demitirá 220 dos 4 mil trabalhadores só neste mês, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos da cidade. Depois de conceder dois períodos de férias coletivas, a instituição teve de recorrer ao corte de funcionários.
Induscar Caio é a maior montadora de ônibus de Botucatu, mas a retração econômica do País já resulta em demissões de empregados
O presidente do sindicato, Miguel Ferreira da Silva, já assinou 55 rescisões. Hoje, mais 55 metalúrgicos serão desvinculados da empresa. No próximo dia 22, haverá outras 55 demissões e, três dias depois, o mesmo número de funcionários serão desligados. Silva acredita que o motivo do corte é a falta de pedidos. “O prefeito de São Paulo, por exemplo, exige ônibus com ar condicionado e a União passou o limite de financiamento de 80% para 50%”, justifica.
O presidente da entidade afirma que não há o que fazer. “Quem tem de tomar uma atitude é o governo federal e estadual. Não é só a Induscar Caio que passa por uma crise. A Irizar havia feito uma redução de jornada e salários, mas decidiu enviar 80 trabalhadores para a Espanha.
Para a situação melhorar, o limite de financiamento teria de retornar ao patamar de 80%, argumenta.
Silva acrescenta ainda que não há irregularidades trabalhistas envolvendo a Induscar Caio.
“Eles estão mandando embora e pagando tudo certinho. Inclusive, os funcionários estavam recebendo tudo corretamente antes das demissões”, pontua. Já a assessoria de imprensa da empresa informa que o mercado já caiu 27% e não parou por aí. Além disso, a montadora reforça que tem o corte dos colaboradores como último recurso.
Tentativas
Conforme a assessoria de imprensa da Induscar Caio afirmou por meio de nota, a empresa colocou em prática outras ações para evitar o corte de trabalhadores, considerado como último recurso.
Diante disso, a montadora passou por dois períodos de férias coletivas, pontes de feriados e emenda de Carnaval para futura compensação dos metalúrgicos, que foram devidamente pagos pelos dias não trabalhados.
Inclusive, em reportagem publicada pelo JC no dia 26 de fevereiro deste ano, a Induscar concedeu férias coletivas a 400 metalúrgicos. Já naquela época, o Sindicato dos Metalúrgicos de Botucatu atribuía a crise do setor à redução do Finame, uma linha de financiamento do banco para a compra de máquinas e equipamentos, para o setor de caminhões e ônibus. Essa medida foi anunciada pela presidente Dilma Rousseff (PT) antes do Carnaval.
Queda
Em dezembro do ano passado, a Induscar Caio emitiu uma nota de imprensa alegando que o mercado de 2014 teve uma queda de 15% em relação ao ano anterior por conta da estagnação da economia, das indefinições até as eleições, da defasagem tarifária em diversas cidades do País, das depredações de ônibus que provocaram o desestímulo dos investimentos. Já de 2014 para este ano, a queda de 27%.
Fonte: http://www.jcnet.com.br/
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